Da importância do sono

Venho aqui hoje confessar uma fragilidade de sempre que interfere, particularmente, com o momento atual. Parece sério. E é.

Não sou uma "morning person". Nunca fui, excepto naqueles primeiros anos de vida em que queria agarrar o mundo todo de uma vez e ver o início da emissão da RTP com os desenhos animados do Bana e Flapi. É verdade que chegava à escola com meia hora de antecedência só para ficar a jogar ao elástico e que antes disso já tinha ido à padaria buscar pão fresquinho/quentinho (nunca sei o que usar).

Mas depois cresci. As manhãs de fim de semana passaram a ser uma incógnita na minha vida, só interrompida pelo toque providencial da sirene dos bombeiros, mesmo viradinha para o meu quarto. Ao meio-dia. 

A vida de adulta permitiu-me sempre acordar a horas que considero decentes - 7h30, 8h00. Até o Jaime nascer. Aí o mundo e a higiene de sono ficaram de pernas para o ar. Coisa que não consegui superar até hoje. 

Dormir é das coisas mais importantes, dormir bem é essencial e manter uma rotina de sono também. Mas há que respeitar os nossos ritmos pessoais. Não sou aquela pessoa que dorme oito horas seguidas, que tanto faz deitar-se às 21h00 como às 2h00 porque dorme sempre bem. Não.

Por alguma razão, o meu ritmo natural é adormecer às 2h00 e acordar às 10h00. Na impossibilidade deste horário, consegui corrigir para: da meia noite às 8h00, mas agora trocaram-me tudo de novo. A entrada matinal do meu filho na escola obriga-me a agendar o despertador para as 6h30 da manhã. Ou da noite. Porque me levanto ainda de noite e isso está acabar com a minha alegria de viver. 

É, obviamente, um exagero, mas não deixa de ter uma pontinha de verdade. Acordar de noite, para mim, é uma ofensa, uma tristeza que me assola assim que ponho os pés no chão. Pior porque não posso fintar esta evidência. É assim e pronto.

E os milhões de pessoas que acordam ainda mais cedo e enfrentam transportes públicos, frio e trabalhos péssimos? Estou solidária. Acho este funcionamento social muito incoerente e pouco respeitador das liberdades individuais do ser humano, mas não sei a quem me queixar. 

Então queixo-me aqui. Só para desabafar e pedir-vos que se cruzarem comigo pela manhã, não esperem grandes palavras nem simpatias. É o que é. 

Aguardamos, ansiosamente, o regresso de dias melhores e melhor dormidos. 

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