A sério

Vivemos uma época em que o soundbyte faz andar o mundo.

Sempre se disse que uma mentira repetida muitas vezes, acaba por ser aceite como verdade. É aqui que estamos. Às vezes também com verdades que, repetidas essas muitas vezes, acabam por normalizar o "inormalizável".

Acresce o facto de estarmos num ponto de limbo existencial enquanto Humanidade. Saímos de uma era analógica. entrámos numa era digital, onde todos têm acesso a instrumentos de comunicação e onde é fácil ter voz e opinião num espaço público, antes reservado apenas a mediadores como jornalistas, políticos, especialistas, etc.

O cidadão comum não tem ainda regras para usar esse espaço e os mediadores não sabem lidar com esta liberdade recentemente adquirida pelo que, penso, estamos todos numa espécie de "hipótese, erro" até que tudo se ajuste.

Por outro lado ainda, o capitalismo obriga a que tudo gire à volta do dinheiro: para qualquer ação é preciso capital que crie mais capital porque o "ter" sobrepõe-se totalmente ao "ser". As empresas têm que vender e os consumidores têm que comprar.

Onde começa esta dinâmica? Penso que é multidirecional. Se um cidadão denuncia determinada situação, pode invadir o espaço mediático que acolhe a denúncia e a trata mediante o seu princípio orientador, que pode ser a ética ou o dinheiro que a divulgação daquele facto pode gerar. Através da publicidade, os decisores podem ter várias reações: ignorar (vai desiludir o cidadão e pode retirar votos); tomar nota e lançar para mais tarde uma solução (mais do mesmo) ou propor imediatamente medidas sem estudar o caso, mas indo ao encontro das expectativas do público (populismo).

Também podem ser os decisores e/ou os mediadores a trazerem para a Agenda pública alguma questão que lhes dê notoriedade, apenas e só por isso. Porque o estar presente, recorda a existência e isso é importante para a aquisição de poder.

Toda a ação gera reação. E hoje o escrutínio é transversal. A denúncia e tratamento de informação que pode ser relevante varia consoante a postura das organizações mediadoras.

No fundo, creio que a base de todo o relacionamento humano, de qualquer ponto de vista, é a confiança e o bom senso. Mais tarde ou mais cedo, se estivermos a fazer alguma coisa bem, tudo se congregará para um meio termo onde persistirão posturas mais radicais, mas onde prevalecerá uma maioria com consciência crítica sobre o bem e o mal.

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