Frio


Hoje é, provavelmente, o dia mais frio deste inverno. Na cidade estão 11 graus às três da tarde. Felizmente, estou numa sala aquecida e confortável. O carro tem ar condicionado. Em casa também há aquecimento. Sou, portanto, uma sortuda.

O frio é das sensações físicas que menos gosto, costumava brincar e dizer que o meu corpo não foi desenhado para temperaturas tão baixas. E não foi. Dói aqui, dói ali, um joelhinho maroto que emperra e o ombro avariado que não se mexe, etc, etc.

Dias difíceis, sobretudo os que passei de castigo, a trabalhar numa antiga capela com um pé direito de cerca de sete metros, "fechado" por uma porta de vidro que, na verdade não vedava nada. Sem ar condicionado. Tinha um aquecedor a óleo em cima de mim, uma escalfeta aos pés e embrulhava-me numa manta que resiste e é agora minha companheira em casa.

Felizmente, esses tempos acabaram, mas o trauma persiste. Tenho tendência a vestir mais camadas de roupa do que são necessárias e acabo, pasme-se, por ter calor.

Mas sou, como disse, uma afortunada. Em pleno século XXI, há muitas casas cuja construção não teve em conta os factores climatéricos, muitas das vítimas dessa construção barata, são-nos por dificuldades em viver em sítios melhores, logo têm também dificuldades em pagar uma conta de electricidade totalmente absurda e ridícula. Se nos países nórdicos a construção fosse tão fraca e a electricidade tão cara, julgo que morreriam muitas pessoas com frio.

Gostava muito que os responsáveis pudessem pensar em assuntos "comezinhos" como este. Acredito veementemente que a felicidade está correlacionada com os pormenores da nossa vida, com o conforto ou falta dele, com uma certa paz de espírito que nos liberta de preocupações desnecessárias, digamos assim. Não se alcança total nem imediatamente, mas pequenos passos podem levar a grandes transformações.  

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