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Nicolau II e Jorge V
Ávida consumidora de tv, desde a mais tenra idade, lido ainda mal com plataformas alternativas. Ver filmes e séries em computadores, tablets ou mesmo telemóveis, faz-me alguma confusão. Apesar de ter netflix partilhada há algum tempo, vi quatro séries, no máximo, e sempre na tv. Gosto do ritual de baixar as luzes, estar em silêncio total e ver qualquer coisa que escolhi depois de "investigar" se me agradará.

Há um requisito essencial do qual não prescindo: tenho que aprender sempre alguma coisa, nem que seja um sotaque novo porque a série é norte irlandesa, por exemplo (sim, aconteceu com Derry Girls). Acho que o sentido de utilidade capricorniano não me larga nunca, nem na escolha do que ver na televisão.

Acabei ontem uma série que, não sendo extraordinária, mistura cenas de ator com depoimentos de especialistas, o que lhe dá uma dinâmica interessante. Falo de Os Últimos Czares que conta a história do imperador Nicolau II da Rússia e da sua família. Tinha "umas luzes" sobre o tema, mas nada de muito concreto, sabia o senso comum: que tinham sido os últimos e que tinham sido executados/assassinados todos, de forma cruel.

Confesso que fiquei um pouco chocada com os contornos do que é relatado, desde a ferverosa fé que os levou a Rasputine, até à frieza bolchevique. Tudo extremado, tudo nos pólos opostos da ação/reação. Não consegui sentir empatia pelos Romanov e muito menos pelos Leninistas. A não ser no desfecho que é, claramente, desumano. Vi mesmo de fora, sem me envolver ou defender nenhum dos lados, até ao episódio final.

Mas tentei entender: a alienação completa dos privilegiados, fechados nas suas torres de marfim jamais "subindo" ao povo, desconhecendo totalmente a vida do comum dos mortais. Por infelicidade, nasce um herdeiro hemofílico e a resposta foi a fé e a alquimia. Sinto que Nicolau colocou sempre a sua família acima de tudo, até da governação do seu império. É muito bonito, mas deteriorou um território gigantesco, que lidava com a industrialização e a pobreza que não podia ser ignorado.

Do outro lado a reação, a necessidade de viver com condições básicas de humanidade, a não compreensão de um previlégio herdado, não sufragado, apenas por nascimento. Uma raiva contida que explodiu da pior forma. Censuro totalmente o assassinato da família de todos os membros da família Romanov que conseguiram apanhar.

A ponte que fiz com The Crown (vista imediatamente antes) foi a de uma antítese total entre o espírito de Nicolau e o dos Windsor que, segundo consta, sempre puseram o país e o seu dever para com ele acima de tudo. Também consta que Nicolau terá pedido asilo à Grâ Bretanha, mas que lhe foi negado pelo seu primo e amigo Jorge V porque poderia ser perigoso para os interesses do país e dos próprios WIndsor o que acaba por bater certo com a sua posição de "A Coroa acima de tudo".

O que aconteceu, realmente, não sei. Sei o que vi e o que li, entretanto, para complementar as séries, mas sei e acredito que, quer na realeza, como na nossa vida o equilíbrio é o mais importante.

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