Aprender

Um dos benefícios de crescer é podermos aprender apenas o que nos apetece e não aquelas estafas intermináveis de coisas que não nos vão servir para nada, mas que "estão no programa, temos que dar".

Acho que comecei a descobrir isto nos últimos anos de faculdade, quando efetivamente, comecei a ter notas de jeito. Porquê? Porque eram assuntos que me interessavam e não matéria a metro/quilómetro.

Esta manhã, estive numa formação sobre um assunto que, pode dizer-se, é o meu core business - Comunicação em Saúde Pública. Pois é, quem diria que acabava a trabalhar em Saúde, um assunto que sempre me interessou zero e para o qual não tinha a mínima inclinação natural.

Confesso que há dias menos bons porque não é fácil ter que aprender uma matéria nova aos quarenta e tal anos, sobretudo uma matéria que não escolhemos, mas que, quero acreditar, me escolheu a mim :).

Se a vida me deu limões, eu quero fazer a melhor limonada do mundo, mas não consigo deixar de me irritar um bocadinho com algumas opiniões/preconceitos que vou ouvindo. E, portanto, comecei a manhã com algum prurido, a ouvir profissionais de Saúde a explicarem como se deve fazer Comunicação. Eu não faço diagnósticos, pois não? Não passo receitas, não me atreveria sequer a tentar porque não estudei para isso. Mas que não se pense que é um caso exclusivo em Saúde, ao longo de duas décadas, já vi este filme muitas vezes: toda a gente sabe como se faz Comunicação. E sabe. É verdade. Empiricamente, todos dominamos a "arte" de conversar, escrever uma carta ou um email, até a fazer um cartaz somos capazes de nos ajeitar, mas, tal como na medicina ou a arquitetura, existem regras e fundamentos científicos para o fazer profissionalmente.

Sinto um grande paradoxo nesta questão porque assume-se e sabe-se que a Comunicação é um tema tranversal a todas as atividades, mas ainda há sectores onde se desvaloriza o seu papel, onde se considera que é um trabalho menor e que deve ser, praticamente, gratuito.

Felizmente, a segunda parte da formação teve o grande mérito de levar à mesa profissionais de vários ramos da Comunicação que explicaram o que fazem, como fazem e porque fazem. O que, espero, tenha aberto alguns horizontes aos mais novos que se encontravam na sala.

A mim deu-me energia e vontade de fazer melhor todos os dias porque a Área merece e porque as pessoas para quem trabalho - os cidadãos portugueses - merecem a melhor Informação e Comunicação. Só uma sociedade capacitada, pode fazer as melhores escolhas. É um mantra que repito quase todos os dias e que me dá força para continuar. 

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