Epifanias

Fui acometida por uma epifania durante o fim de semana. A ocorrência relaciona-se com todo um trabalho de autoconhecimento que tenho vindo a desenvolver. Com ajuda, claro. Como não parei de pensar no assunto, sinto-me desconfortável, incomodada e quase paralisada. Como em outras ocasiões, sinto vontade de chorar e nem sei porquê: se é porque "descobri" qualquer coisa que precisa de ser resolvida, mas tenho zero vontade de avançar para resolver; se é por autocomiseração ou por tpm.

O que sei é que mudar qualquer coisa, por mais pequena que seja, no nosso comportamento e atitude perante a vida, é muito mais dificil do que imaginei. E é todo um padrão que se repete há 45 anos (não tanto, mas fica assim). O que tenho aprendido nesta descoberta é que identificar a causa, dói. Pelo menos no meu caso, fiz regressões a um passado que estava adormecido, mas que explicam muitas das minhas ações.

Dói vasculhar lá atrás porque não é só a recordação mental, são as sensações no corpo. É quase um regresso total que não sei explicar bem: sinto que estou lá, naquele preciso momento, com as roupas, o corpo, a casa, ou o ar frio/quente, os cheiros, as pessoas tal como eram. E se estamos a tentar interpretar situações menos boas, as boas memórias não acordam, só as más. Dói. Muito.

Mas é ainda mais difícil mudar. Sei o que me faz reagir assim, sei que se der um passo noutra direção, o resultado vai ser melhor, pelo menos, diferente. Então o que me puxa para trás? O que me leva a não dar esse passo? O que me prende?

Sempre achei que era corajosa, que não virava a cara à luta nem aos problemas, fui sempre em frente, ultrapassei vários obstáculos e agora, que penso bem, não foi bem assim. Sou tudo isso, fiz tudo isso, mas sem me agigantar, sem sair da minha "zona de conforto" (odeio a expressão, mas aqui faz sentido).

Estou a  precisar de pisar solo lunar e dizer: um pequeno passo para o Homem, um grande passo para  a Humanidade.


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